23 de abril de 2011

Némesis - Capitulo V

Ela corria, desesperada, á procura de um abrigo. Um ser sem rosto perseguia-a, sedento de sangue, queria-a só para ele. Némesis estava em pânico, sabia que o estranho ser estava tão próximo dela.
-Vou apanhar-te! Anda cá! - Gritava ele, fazendo com que os seus gritos ecoassem pela floresta toda.
Némesis continuava a correr, estava sózinha, desprotejida.  Ela sentia-o tão perto, tão perto... Sentiu uma mão no seu ombro, uma dor aguda, olhou para baixo e tinha a adaga cravada na barriga. Virou-se lentamente para trás...
Acordou. Némesis estava na floresta, tinha acabado de sair da aldeia e deitara-se encostada a uma árvore para descansar um pouco, acabando por adormecer. Chovia, uma vez mais. Némesis levantou-se e colocou o seu arco, oferecido pelo velho senhor da aldeia, ás costas. Caminhava pela floresta, escura devido á presensa da chuva. Estava deserta. Némesis ainda não sabia para onde havia de ir, ela só queria fugir dali. Andava muito cansada, mas não poderia tornar a adormecer na floresta, á vista de todos. Bem, quer dizer, não era exactamente á vista de todos, não era por acaso que era uma floresta. Não andavam a passear pessoas como se fosse um destino de visita.
Continuando, Némesis tentava chegar á cidade. No entanto, antes disso, haviam outras prioridades: Jantar. Ela tinha de caçar se queria continuar viva, pois já não tinha alimento. A floresta não se mechia, e ela caminhava lentamente de arco montado, pronta a disparar. Estava atenta a qualquer som. De repente, um som não muito distante dela ecoou pela floresta. Na esperança de ser o jantar, Némesis levantou o arco e disparou. Parte boa: acertou no alvo. Parte má: o alvo disse:
-AHHHHRGG!!!
Némesis não sabia bem o que fazer. Não sabia se era seguro ou não ir ao encontro do seu suposto jantar.
-Bem, já que o atingi é melhor ir ver... - pensava ela.
Aproximou-se do sujeito. Este, estava deitado no chão, cheio de dores, a gemer, com uma flecha atravessada na perna direita.
-Óh não!! Desculpa, desculpa, desculpa!! - Implorava ela desesperada.
-Para a próxima olha antes de disparar, SIM? Ahhrgg aiii... Porquê eu, que mal é que eu fiz a Deus?!
-Desculpa, a sério, eu vou tirar-te isso, deixa-me só...
-NAO!!! Afastate de mim! Tu és perigosa! - Exclamava o rapaz, cheio de medo de Némesis. Afinal, levar com uma flecha é motivo para isso, ter medo.
-Foi sem querer, juro! Pensava que eras o meu jantar! Deixa-me ajudar-te!
-O teu jantar hem?!
Némesis aproximou-se do rapaz, e partiu com cuidado a flecha em duas, junto a ferida. O rapaz gemia com dores. Depois, com um puxão rápido e seco, arrancou o resto da flecha que tinha perfurado a perna do rapaz. Em seguida, arrancou o tecido das calças do rapaz que envolviam a ferida e envolveu a mesma, dando um nó para estancar o sangue que ainda não tinha parado de jorrar como se a perna do rapaz de uma fonte se tratasse. O rapaz chorava com as dores, soltava gemidos de dor.
-Mas afinal, - Perguntou Némesis - o que é que estás a fazer aqui? E quem és tu?
-Er... Ninguém...
Némesis estava a ficar desconfiada.
-Ninguém? Ninguém como assim?
-Er... - O rapaz não dizia nada com jeito.
-Só assim por acaso, tu andas a seguir-me? - Némesis estava a ficar fula.
-Bem... Sim... - respondeu-lhe, que tinha parado de gemer, entretanto. Ela não exitou. Largou o rapaz, levantou-se e preparou-se para retomar o seu caminho.
-Ei! EI! Vais deixar-me aqui?
-Morre... - Respondeu-lhe ela, sem olhar para trás. -Se quizeres, segue-me outra vez. - Acrescentou ela, num tom de claro desafio.
O rapaz lá se levantou e tentou caminhar, o que estava a ser dificil, tendo em conta que ele estava numa floresta onde o chão não ser propriamente liso, e também devido ás dores que recebera como prémio por ter seguido Némesis.
-Óh páh! Espera por mim, por favor! Desculpa...
A rapariga parou, respirou fundo e virou-se.
-Porque é que vieste atrás de mim?
-Bem, para dizer a verdade, eu queria correr o Mundo, e reparei que não paraste na aldeia durante muito tempo... Pensei que talvez tivesses o mesmo objectivo que eu...
Ela sabia que não podia deixar o rapaz ali, no meio da floresta. Mas também sabia que não podia contar a verdade ao rapaz. Decidiu deixa-lo acompanha-la.
-Sim, também quero correr o Mundo - respondeu-lhe. - Como te chamas?
-Bill Jonathan. - Disse o rapaz, ainda com medo de que ela pudesse mudar de ideias. - E tu?
-Némesis, é o meu nome. Anda daí, corre Mundo comigo.
Némesis sorriu e ajudou Bill a levantar-se.
-Vou chamar-te de BJ*. - Disse de repente Némesis.
-BJ? Porquê? - Perguntou Bill.
-Porque eu posso e quem manda aqui sou eu!
Ambos soltaram uma gargalhada.
-Está bem, pode ser. - Disse BJ, ainda a rir.
-Ai podes ter a certeza que pode, se não, bato-te!- Ao ver a expressão de BJ, acrescentou: - Estou a brincar!- Riram mais uma vez.
Parou de chover, dando lugar a um céu cheio de nuvens, onde o sol ia espreitando, timido, de vez em quando.
-Bem, tens comida? - Perguntou-lhe Némesis, que já tinha fome á bastante tempo, demasiado.
-Quer dizer... Eu ter tenho mas... acho que não queres. - O rapaz ria com ar de gozão.
-Parvo... - Ripostou a rapariga secamente.
Depois desta cena, Némesis conseguiu caçar um veado. Juntos, acenderam uma fogueira (o que foi dificil devido a estar tudo ensopado) e comeram até se sentirem bem, acabando por adormecerem mais tarde.
Nessa noite não choveu.

*[BJ = BidJey]

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