Némesis

Capitulo I

Era noite. Naquela aldeia do norte, nada se mexia. Tudo estava em silêncio. Apenas se ouvia o pacato som das cigarras a cantarem ao céu estrelado. À volta desta aldeia, nada havia em redor, apenas floresta, e assim permanecia até aos próximos 8 km. A Lua estava cheia naquela noite, se bem que, naquele céu de Inverno, como seria de esperar, nuvens começavam a encher o céu. Aproximava-se uma tempestade.
Do nada, até as cigarras se calaram. Tudo se tinha calado. Não se ouvia um único som. Naquele momento, aquele local parecia as Trevas no seu estado mais avançado… Silêncio e escuridão.
No céu, os trovões começaram a trovejar. Algo estava para acontecer.
Entretanto, naquela noite, nem todos dormiam, pois havia uma pessoa que ainda não tinha cedido ao sono. Esta preferira ficar acordada para que, quando chegasse, ela pudesse estar preparada para o receber.
Estava assim, Némesis deitada, aguardando pacientemente pela chegada de algo… Desde que fora mandada para ali, que nunca conseguira pregar olho, pois o receio que ela tinha de que algo se erguesse, e por sua culpa, era enorme…
Tinha começado a chover. Chovia forte, naquela noite. Némesis levantou-se. Cabelos castanhos, bem constituída, apesar de tudo era muito branca… Ou então estava só pálida, com todas aquelas preocupações… Já não via a luz do sol à vários dias, pois o céu cobria-se de nuvens negras, dando lugar depois a uma noite fria e escura, limpando o céu para que a Lua pudesse brilhar. No entanto, este último dia foi diferente… O sol aparecera tímido, e o céu foi ficando livre para este brilhar. Ela não tinha saído da sua casa de madeira nesse dia, tinha mais em que pensar do que apanhar banhos de sol. Continuando, Némesis tinha 1,73 cm, sendo possuidora de grande agilidade.
Lá fora, relâmpagos e trovões iluminavam o céu sombrio. Foi até á porta. Saiu.
Imediatamente ficou encharcada, de cabeça aos pés, tal era a intensidade da chuva. Némesis atravessou a aldeia, e desvaneceu-se na floresta, deixando-a para trás.
Entretanto, na aldeia, relâmpagos desciam dos céus, embatendo violentamente no chão. Uma aura azulada tinha aparecido lá, no sitio exacto do arrebentamento dos relâmpagos, bem lá no meio. Começava-se a formar uma figura, um humano, ou pelo menos, uma coisa com forma humana...
Némesis tinha acabado por adormecer encostada a uma árvore, regada pelas grossas gotas de água, provenientes da chuva que caía naquela noite, e que insistia em não dar tréguas, em não cessar.
Na manhã seguinte, esta acorda sobressaltada, o coração batia velozmente... Tentou levantar-se, mas depressa se apercebeu que não era capaz, pois levantar-se provocou-lhe grandes tonturas. Respirou fundo e levantou-se devagar. Tentou regressar á aldeia. Enquanto o fazia, apanhou alguns frutos para ganhar forças, tendo em conta o seu estado. Chegou ao seu destino.
A aldeia estava diferente. Silenciosa, o que não era bom sinal. Parecia que a Morte tinha ali passado e varrido quaisquer sinais de vida. Némesis achou estranho. Bateu uma porta; Sem resposta. Bateu a outra, e outra, e outra. Ninguém...
"Terão abandonado a aldeia?" - pensava Némesis, já um tanto inquieta.
Continuou a explorar a aldeia, e descobriu uma porta entreaberta. Entrou.
Tentou gritar, mas não foi capaz. Ficou como que petrificada. No chão, jazia uma família de cinco pessoas mortas, num enorme banho de sangue. Némesis saiu, em choque, e começou a abrir portas de casas. O mesmo cenário repetia-se em todos os lados... Um assassinato em massa.
Aterrorizada e completamente desorientada, tentou procurar a sua casa. Encontrou-a, com a porta completamente destruída.
Entrou. Na parede, mesmo á sua frente, estava cravada uma adaga, e escrito a sangue:

"Vou encontrar-te!"

Fim do Capitulo I

Capitulo II

Némesis estava estupefacta, chocada com o que acabara de encontrar. “Vou encontrar-te…”. Afinal, o seu pressentimento estava certo, afinal, algo ou alguém a procurava, sem olhar a meios para a encontrar…
“Tenho de sair daqui, e depressa!" – Pensou ela, ainda a tremer com o choque. A próxima aldeia ficava a 8 km dali, lá Némesis podia tentar descansar, e partir para longe dali…
Então, Némesis enfiou à pressa todos os seus pertences nu ma mala de pano, e saiu daquela casa, talvez, ou melhor, quase de certeza, para sempre.
No entanto, mal acabava de sair, já Némesis tinha entrado de novo, dirigindo-se á parede, onde estavam gravadas aquelas palavras… Então, com um esticão, retirou a adaga espetada da parede e observou-a. Era uma adaga aparentemente normal, tinha 40 cm de lâmina, de aço, e o cabo juntamente com o pomo e o guarda mão dava um total de 55cm á aquela peça.
Némesis guardou-a, não tendo bem a certeza do que estava a fazer. Partiu, rumo á floresta, apesar de tudo, pensativa…
“Mas… que se passou?” – interrogava-se ela. Afinal, Némesis acabara por ter tido sorte. Se ela não tivesse “ido passear”, provavelmente também seria morta. E a única pista que tinha, era aquela adaga, e as palavras gravadas agora na sua mente…
“Não pode ter sido cuicidência…”
Afinal, ela já estava á espera de algo… E curiosamente, algo que tinha a ver com ela…
Némesis já se tinha embrenhado pela floresta a dentro. Continuava assustada, pensativa ao mesmo tempo… Caminhou durante uma hora, estava cansada, esfomeada, e só queria encontrar um local para dormir. Ouviu um som, vindo algures da floresta, algo próximo, viu sombras, e desmaiou.
-Que se passa… onde estou…? – Némesis tentou levantar-se, mas algo a empurrou para trás.
-Não se levante, ainda está muito fraca. – respondeu-lhe alguém, próximo dela, provavelmente quem a impediu de se levantar.
Némesis estava confusa, a ver tudo á roda, mal era cpaz de distinguir seja o que fosse, estava completamente desorientada.
-Onde estou? – perguntava ela, insistindo por saber onde estava e como fora ali parar.
-Estavamos na floresta, á procura de caça, quando ouvimos movimento. Quando a avistámos, não fomos a tempo de a agarrar. Quando chegámos a si, já estava desmaiada. – Explicou o estranho.
-Humm… Para onde me levaram?
-Bem… Levamo-la para a nossa aldeia… Não a iamos deixar ali estendida no chão…
Depois deste pequeno diálogo, o homem saiu e deixou Némesis descansar. Ela aproveitou para repor as forças, ingerindo algum alimento deixado ali pelos seus salvadores. Dormiu mais algumas horas. Quando acordou, ouviu muvimento á sua volta. Agora já era capaz de distinguir o que se estava a passar.
-Boa noite, está melhor? – disse uma voz. Némesis olhou em direcção á voz. Era um homem com os seus 35 anos, alto, cabelo castanho, olhos castanhos, com uma constutuição fisica normal. Némesis respondeu-lhe:
-Boa noite… Já é noite? Sim, estou melhor, obrigada… - perguntou Némesis, enquanto se sentava na cama.
-Sim, já é noite. Junta-se a nós? – respondeu amavelmente o homem.
-Juntar-me a vós? Como assim? Não estou a perceber.
-Jantar. Venha daí, vamos jantar.
Némesis lá foi, seguindo o homem. Entrou na cozinha daquela casa. Á mesa, estava sentada uma mulhere uma criança, uma rapariga que aparentava os 8 anos.
-Boa noite – comprimentou ela. – Obrigado por… - Porém, não consegui concluir a frase, pois fora interrompida pela mulher.
-Boa noite querida. Não precisa de agradecer absolutamente nada. Estamos felizes por podermos ajuda-la. –disse a muher. Devia ter a idade do marido, deviam de ser casados. Era morena, de cabelos castanhos, de estatura média.
- Sente-se querida. Fale-nos de si…
Némesis sentou-se. Achou por bem não contar que ela era a única sobrevivente da aldeia vizinha, e que algo andara atrás delapara a matar. Decidiu fugir um pouco á verdade.
-Bem… chamo-me Némesis, tenho 21 anos os meus pais morreram quando eu era nova.
Némesis sentia-se como se estive na escola primária a apresentar-se. Mas isso não a incomodou.
-Decidi começar uma viajem pelo mundo… Mas já está a correr mal…
-Não pense assim, a vida é mesmo assim. Todos nós passamos por isso. – reconfortou a mulher.
-Bem – prosseguiu o homem. – Uma vez que já se apresentou, é a nossa vez. O meu nome é Foucolt. Esta é a Mary w a nossa filha chama-se Sara.
-Muito prazer, e obrigado por tudo…
Após o jantar, Némesis dirigiu-se para o seu quarto temporário. Depois de tomar um banho, deitou-se e adormeceu. Teve pesadelos a noite toda, com criaturas a erguerem-se do chão, mortes, terror. Acordou transpirada, a tremer, assustada.

Fim do Capitulo II

Capitulo III

 
Orion mantinha-se naquela posição havia muito tempo. Estava pensativo, ele sabia que a sua vida estava por um fio, no entanto, permanecia calmo, com a sua expressão fria e cruel de sempre. Ele esperava ansiosamente que o seu lacraio chegasse, com uma solução para atravessar a fronteira. Havia muito que Orion não se tinha que preocupar, que se mantinha na sua "casa", sem ser incomodado por patetices como os humanos.
Humanos... Aqueles que pensam que podem fazer tudo o que querem só por andarem á superficie da Terra... Aqueles que se acham muito corajosos... Se realmente soubessem aquilo que vive entre eles... Não se achavam assim tão corajosos.
Orion vivia no sub-mundo, uma dimensão que ficava por baixo da Terra mas que, no entanto, não estava lá. Para se chegar lá, era preciso atravessar a fronteira... Uma espécie de portalque só aparecia a quem a conseguisse fazer aparecer. Por isso é que os humanos continuam á superficie da Terra... Coitados... Se todas as criaturas e seres que aqui habitam pudessem atravessar a fronteira, já não haviam humanos á face da Terra, e Orion não tinha o problema que tem agora...
Orion era um demónio, que habitava neste sub-mundo. No entanto, Orion não era um demónio qualquer. Este era o demónio-mestre, aquele que reinava naquele mundo. Diz a lenda que, "há-de nascer aquela que acabará com o demónio-mestre, encerrando para sempre o mundo obscuro e cruel que por baixo da mesma existe".
Era essa a preocupação de Orion. "Aquela" tinha nascido á superficie, e ameaçava destruir o sub-mundo... Para sempre...
Orion já tinha deixado passar demasiado tempo, arriscara-se demais.
Foi á 20 anos que tudo deveria ter ficado logo resolvido... Orion tinha conseguido atravessar a fronteira, e foi ao encontro do local onde "aquela" se encontrava. No entanto, dessa vez, o trabalho não tinha ficado bem feito... Orion aprendeu da piõr maneira que, "se queres uma coisa bem feita, fá-la tu mesmo". Dessa vez, Orion mandou das criaturas do sub-mundo, que tinham atravessado a fronteira com ele, para matarem a familia, e principalmente a pequena criança com um ano e poucos meses, aquela que podia ser capaz de destruir o sub-mundo. Como era de esperar, as criaturas flharam, deixaram-se apanhar, matando apenas os pais, deixando a garota a chorar, sózinha no mundo. E Orion teve de fugir com receio de ter o mesmo destino das criaturas. E voltou para o sub-mundo. Segundo a lei sagrada do sub-mundo, um habitante só poderia vir á superficie de 20 em 20 anos, ou em vez disso, sofreria horrores inimagináveis. Nem mesmo o demónio-mestre podia mudar a lei, ou mesmo contorna-la E esses 20 anos tinham passado.
-Senhor, está tudo pronto... Está na hora.
Orion abriu os olhos e respondeu:
-Certo, vamos a isto.
Orion dirigiu-se ao amplo salão onde tudoestava montado, onde a cerimónia estava pronta para começar. Sentou-se no seu trono e observou atentamente o que tinha de fazer. No chão, estava desenhado um circulo perfeito, com uma estrela de seis pontas no interior, mas que não tocava na linha do circulo. Também tinha runas escritas, planetas desenhdos, e dois lugares pra supostos objectos. Orion respirou fundo. Sabia exatamente o que fazer, já o tinha feito antes. Agarrou na sua adaga, e avançou para o centro do circulo. Respirou fundo, levou a adaga ao raço esquerdo, e abriu com um corte profundo o braço, deixando escorrer sangue para o primeiro lugar dos objectos. O sangue percorreu todas as linhas do desenho inscrito no chão. Em seguida, Orion criou um chama sagrada azul, e deixou-a cair no segundo lugar para os objectos. O fogo fez o mesmo que o sngue, e quando o desenho ficou envolto na chama azul, rompeu em labaredas enormes. Orion recitou as palavras de passagem para a uperficie e fechou os olhos. O fogo envolveu-o, o sangue elevou-se numa torre vermelha escarlate, reomando em seguida ao chão. Quando isto aconteceu, Orion já não estava lá, e o sangue e o fogo tinham desaparecido, deixando o chão tão brilhante como dantes.
...
...
...
Era noite, e uma tempestade estava prestes a começar. Caiu um relâmpago, o primeiro da noite. A aldeia estava deserta, silênciosa. Começou a chover, e uma rapariga saiu á rua pouco depois de começar a chover. No entanto, não ficou lá, avançou direita á floresta e não voltou mais. A tempestade intensificou-se, e relâmpagos sucessivos atingiam violêntamente o chão. Do nada, uma torre de sangue ergueu-se do chão, descendo em seguida (provavelmente, quem observasse á distância não diria que se estava a passar ali alguma coisa sobrenatural), dando lugar a uma aura azul, proveniente do fogo sagrado. Começou então, Orion a aparecer na Terra, onde devia de ter sido bem sucedido há 20 anos atrás... Tão depressa como começara, a cerimónia tinha acabado. Orion tinha atravessado a finalmente a fronteira. Este ia finalmente assegurar a sua sobrevivência, matando "aquela" descrita na lenda que, ao que parecia, e como Orion comprovou havia ano antes, ser verdadeira. As grossas gotas de chuva caiam-lhe na face. Este ainda tinha a adaga na mão, e o seu braço a sangrar. No entanto, Orion sabia que não podia perder tempo om isso, haviam coisas a fazer naquela noite. Aquela ia ser uma noite muito sangrenta, e Orion estava decidido a não deixar quais queres sinais de vida ali. Avançou para a primeira casa. Entrou e olhou em volta. Não havia sinais da mulher que este procurava ali. Matou as pessoas que ali se encontravam. Á medida que este entrava em mais casas, a sua paciência esgotava-se e a sua ansiedade crescia. Ela não estava em sitio nenhum. Orion estava de frente para a última casa. Tudo o resto tinha sido arrasado, todas as vidas daquele local tinham sido varridas. E ela estava mesmo ali, á frente dele, atrás daquela porta de madeira... Este, respirou fundo e deitou a porta abaixo. Entrou.
Orion olhou em todas as direcções. Não acreditava no que os seus olhos viam! A casa estava vazia, vazia! Orion gritou de raiva, frustração, destruiu tudo o que havia lé e, quando estava prestes a sair, voltou atrás. Com a mão, levou-a ao braço esquerdo que ainda sangrava e, com o próprio sangue, escreveu naquela parede as palavras:
"Vou encontrar-te!"
E espetou a adaga na parede, saindo por fim daquela casa. Orion não podia acreditar, esperou tanto tempo para no fim... Falhar outra vez... Não iria voltar já para o sub-mundo, não podia! A sua vida estava por um fio, dependia se a humana vivia ou não...
Continuava a chover torrencialmente, a tempestade não cessava. Orion não sabi o que fazer, onde procurar...
Na floresta, onde só se ouvia o som da chuva a cair, uma rapariga de 21 anos dormia encostada a uma árvore...

Fim do Capitulo II

Capitulo IV

Némesis ficou naquela casa mais uns 3 dias. De facto, ela sabia que não poderia ficar ai, mas também não sabia para onde ir.
Ao fim do quarto dia, Némesis despediu-se daqueles que a acolheram. Ela tinha de continuar. Saiu daquela casa. Seguiu uma direcção, qualquer uma servia, menos aquela que a trouxera até ali. Reparou num homem que tratava de um arco. Dáva-lhe jeito, se ela ia para a floresta, convinha ter algo que a defendesse.
-Boa tarde - Disse Némesis educadamente.
-Boa tarde minha jovem. O que deseja? - Respondeu o velho, com voz rouca.
-Queria saber quanto custa esse arco, que está a trabalhar...
-Custa 5 moedas de ouro, jovem.
-Hum... - Mormurou Némesis.
-Está interessada em conprá-lo?
-Não, não, era só para saber...
-Não tem dinheiro, pois não, minha jovem? - Interrogou-a o homem.
Némesis corou. Na verdade, ela não tinha mesmo dinheiro, e o velho homem apercebeu-se disso.
-Alguma vez disparou um arco?
-Não, nunca. - Respondeu Némesis.
-Espera um momento.
O velho tinha entrado na sua casa e, ao sair, trazia um outro arco muito trabalhado.
-Vejamos... - murmurou ele. - Está a ver aquela árvore ali ao fundo? Aquela onde lhe falta um pedaço de casca?
-Sim, estou.
A árvore não estava própriamente perto...
-Segure - o homem estendeu-lhe o arco. -Tem 3 tentativas para acertar no meio da falha da árvore, onde lhe falta a casca.
Némesis segurou o arco. Era leve, ao contrário do que parecia. Ela armou-o, encaixando a flecha na corda. De seguida, levantou o arco e fechou ligeiramente o braço esquerdo, para que a corda não lhe acertasse quando esta a largasse, puxando em seguida a corda atrás. O tiro fora instantâneo. A flecha só parou no sitio pretendido. O centro da folha na casca da árvore.
-Basta. É o suficiente. - disse o velho.
Némesis estendeu o arco ao homem, mas este limitou-se a esboçar um sorriso.
-Fique com ele. Mereceu-o. Parabéns.
-Não! Não posso aceitar, não paguei ou trabalhei por ele! - Exclamava ela de indignação.
-Fique com ele. Afinal, ganhou o desafio. Acertou na árvore, na falha, com a primeira flecha. Não é qualquer um!
-Isso... isso foi sorte de principiante! - argumentava ela.
-Ainda assim, quero que fiques com ele. Estará concerteza melhor nas suas mãos.
Némesis não teve outro remédio senão aceitar o arco.
-Muito obrigado então... - Agradeceu esta, corada pela vergonha.
-Não tem de quê, jovem, e boa sorte! - disse o velho, piscando-lhe o olho.
Némesis agradeceu uma vez mais. O velho também lhe dera uma aljava cheia de flechas. Némesis estava finamente pronta para a sua "fuga". Com o arco na mão esquerda, embreinhou-se na floresta. Estava um dia ameno.

Fim do Capitulo IV

Capitulo V

Ela corria, desesperada, á procura de um abrigo. Um ser sem rosto perseguia-a, sedento de sangue, queria-a só para ele. Némesis estava em pânico, sabia que o estranho ser estava tão próximo dela.
-Vou apanhar-te! Anda cá! - Gritava ele, fazendo com que os seus gritos ecoassem pela floresta toda.
Némesis continuava a correr, estava sózinha, desprotejida. Ela sentia-o tão perto, tão perto... Sentiu uma mão no seu ombro, uma dor aguda, olhou para baixo e tinha a adaga cravada na barriga. Virou-se lentamente para trás...
Acordou. Némesis estava na floresta, tinha acabado de sair da aldeia e deitara-se encostada a uma árvore para descansar um pouco, acabando por adormecer. Chovia, uma vez mais. Némesis levantou-se e colocou o seu arco, oferecido pelo velho senhor da aldeia, ás costas. Caminhava pela floresta, escura devido á presensa da chuva. Estava deserta. Némesis ainda não sabia para onde havia de ir, ela só queria fugir dali. Andava muito cansada, mas não poderia tornar a adormecer na floresta, á vista de todos. Bem, quer dizer, não era exactamente á vista de todos, não era por acaso que era uma floresta. Não andavam a passear pessoas como se fosse um destino de visita.
Continuando, Némesis tentava chegar á cidade. No entanto, antes disso, haviam outras prioridades: Jantar. Ela tinha de caçar se queria continuar viva, pois já não tinha alimento. A floresta não se mechia, e ela caminhava lentamente de arco montado, pronta a disparar. Estava atenta a qualquer som. De repente, um som não muito distante dela ecoou pela floresta. Na esperança de ser o jantar, Némesis levantou o arco e disparou. Parte boa: acertou no alvo. Parte má: o alvo disse:
-AHHHHRGG!!!
Némesis não sabia bem o que fazer. Não sabia se era seguro ou não ir ao encontro do seu suposto jantar.
-Bem, já que o atingi é melhor ir ver... - pensava ela.
Aproximou-se do sujeito. Este, estava deitado no chão, cheio de dores, a gemer, com uma flecha atravessada na perna direita.
-Óh não!! Desculpa, desculpa, desculpa!! - Implorava ela desesperada.
-Para a próxima olha antes de disparar, SIM? Ahhrgg aiii... Porquê eu, que mal é que eu fiz a Deus?!
-Desculpa, a sério, eu vou tirar-te isso, deixa-me só...
-NÃO!!! Afastate de mim! Tu és perigosa! - Exclamava o rapaz, cheio de medo de Némesis. Afinal, levar com uma flecha é motivo para isso, ter medo.
-Foi sem querer, juro! Pensava que eras o meu jantar! Deixa-me ajudar-te!
-O teu jantar hem?!
Némesis aproximou-se do rapaz, e partiu com cuidado a flecha em duas, junto a ferida. O rapaz gemia com dores. Depois, com um puxão rápido e seco, arrancou o resto da flecha que tinha perfurado a perna do rapaz. Em seguida, arrancou o tecido das calças do rapaz que envolviam a ferida e envolveu a mesma, dando um nó para estancar o sangue que ainda não tinha parado de jorrar como se a perna do rapaz de uma fonte se tratasse. O rapaz chorava com as dores, soltava gemidos de dor.
-Mas afinal, - Perguntou Némesis - o que é que estás a fazer aqui? E quem és tu?
-Er... Ninguém...
Némesis estava a ficar desconfiada.
-Ninguém? Ninguém como assim?
-Er... - O rapaz não dizia nada com jeito.
-Só assim por acaso, tu andas a seguir-me? - Némesis estava a ficar fula.
-Bem... Sim... - respondeu-lhe, que tinha parado de gemer, entretanto. Ela não exitou. Largou o rapaz, levantou-se e preparou-se para retomar o seu caminho.
-Ei! EI! Vais deixar-me aqui?
-Morre... - Respondeu-lhe ela, sem olhar para trás. -Se quizeres, segue-me outra vez. - Acrescentou ela, num tom de claro desafio.
O rapaz lá se levantou e tentou caminhar, o que estava a ser dificil, tendo em conta que ele estava numa floresta onde o chão não ser propriamente liso, e também devido ás dores que recebera como prémio por ter seguido Némesis.
-Óh páh! Espera por mim, por favor! Desculpa...
A rapariga parou, respirou fundo e virou-se.
-Porque é que vieste atrás de mim?
-Bem, para dizer a verdade, eu queria correr o Mundo, e reparei que não paraste na aldeia durante muito tempo... Pensei que talvez tivesses o mesmo objectivo que eu...
Ela sabia que não podia deixar o rapaz ali, no meio da floresta. Mas também sabia que não podia contar a verdade ao rapaz. Decidiu deixa-lo acompanha-la.
-Sim, também quero correr o Mundo - respondeu-lhe. - Como te chamas?
-Bill Jonathan. - Disse o rapaz, ainda com medo de que ela pudesse mudar de ideias. - E tu?
-Némesis, é o meu nome. Anda daí, corre Mundo comigo.
Némesis sorriu e ajudou Bill a levantar-se.
-Vou chamar-te de BJ*. - Disse de repente Némesis.
-BJ? Porquê? - Perguntou Bill.
-Porque eu posso e quem manda aqui sou eu!
Ambos soltaram uma gargalhada.
-Está bem, pode ser. - Disse BJ, ainda a rir.
-Ai podes ter a certeza que pode, se não, bato-te!- Ao ver a expressão de BJ, acrescentou: - Estou a brincar!- Riram mais uma vez.
Parou de chover, dando lugar a um céu cheio de nuvens, onde o sol ia espreitando, timido, de vez em quando.
-Bem, tens comida? - Perguntou-lhe Némesis, que já tinha fome á bastante tempo, demasiado.
-Quer dizer... Eu ter tenho mas... acho que não queres. - O rapaz ria com ar de gozão.
-Parvo... - Ripostou a rapariga secamente.
Depois desta cena, Némesis conseguiu caçar um veado. Juntos, acenderam uma fogueira (o que foi dificil devido a estar tudo ensopado) e comeram até se sentirem bem, acabando por adormecerem mais tarde.
Nessa noite não choveu.
*[BJ = BidJey]

Fim do Capitulo V

Capitulo VI

Orion estava á superfície da Terra haviam quatro dias. Estava fraco, zangado, a fúria que há tantos anos tinha acumulado pela rapariga estava a querer saltar cá para fora... A matança efectuada na aldeia não lhe saciava o seu apetite por matar. Ele sabia que não podia voltar a casa, sem antes ter acabado a sua missão. Percorreu a floresta em redor da aldeia, com esperança de a encontrar. Nada lhe apareceu á vista, ele voltava sempre para a aldeia de mãos vazias. Ao fim do terceiro dia, resolveu tornar a entrar na casa onde a rapariga estaria antes de desaparecer. Procurar pistas sobre o seu aspecto, cor do cabelo, o que vestia, seria o mais acertado a fazer, visto que, se queria encontra-la, ao menos tinha de saber o seu aspecto... Afinal, ela não era uma rapariga normal... Ele sabia disso, ele sabia do perigo que ele e os da sua espécie corriam... Era grave, a situação...
Olhou em redor. Depois de toda aquela destruição ali presente, seria difícil de encontrar alguma coisa... Orion devia ter-se controlado melhor, não devia ter reagido daquela maneira... Olhou, por acaso, para a parede onde tinha gravado as suas palavras, onde tinha cravado a sua adaga... Mas espera, a adaga já lá não estava... Já lá não estava? Como é que... Não... Poderia? Poderia ter a rapariga voltado a casa?
Todas estas perguntas passavam pela cabeça de Orion no momento em que fixava os seus olhos na parede de madeira. Afinal, se tivesse ficado quieto no mesmo sitio, em vez de sair por aí á procura de um corpo sem rosto, provavelmente já tinha acabado o seu trabalho ali, e provavelmente já estaria em casa, a gozar os milénios que ainda tinha pela frente, sem se preocupar com a destruição do submundo... No entanto, Orion não se enfureceu. Antes pelo contrário, só lhe deu mais animo para procurar a mais pequena pista sobre a rapariga. Ao olhar para o chão, descobriu uma almofada encostada a um canto. Porque não? Foi até lá, e apanhou a almofada. Observou-a atentamente. Um cabelo.
-Hum... Castanho... Já é melhor que nada... - Disse este para si mesmo.
Já sabia que a rapariga tinha cabelo castanho. No entanto, não podia andar para aí a matar todas as raparigas de cabelo castanho que encontrasse. Quer dizer, poder podia, mas não era a mesma coisa. Dava trabalho e Orion não estava muito para aí virado. Saiu da casa, e assumiu a forma de uma ave. Rapidamente, elevou-se nos céus e começou a sua busca. Para começar, foi uma ideia idiota, tendo em conta que á sua volta só havia floresta, e ele não tinha visibilidade nenhuma para ver mais além que as copas das árvores. Mas não tinha alternativa. Estava fraco, não conseguia transformar-se em algo que se movesse por terra. Voou até à aldeia mais próxima. Decidiu descer até a floresta e retomar a sua forma, com uns pequenos ajustes, de modo a parecer mais... Humano. Entrou na floresta. Olhou em seu redor. Todos estavam ocupados com os seus afazeres. Tarefas domésticas, um ferreiro que reparava espadas, um velho que trabalhava um arco, as mulheres que conversavam umas com as outras. Dirigiu-se ao velho. Se ela tivesse passado por ali, decerto que já tinha saído. Decidiu agir como se estivesse apenas curioso na vida quotidiana.
-Boa tarde - Cumprimentou.
-Boa tarde. Deseja alguma coisa? - Perguntou o velho homem não desconfiando de nada.
-Estou só de visita, mas gostaria de aprender um pouco mais sobre a aldeia. Vive cá á muito tempo?
-Está bem, no que o poder ajudar, eu ajudo. Sim, vivo nesta aldeia desde os meus tempos de menino.
-Como é viver aqui?
-É bom, é calmo, agradável... Por vezes as crianças fazem as suas travessuras, mas não é nada que nós, habitantes, nos importemos. Tiram monotonia aqui ao sítio.
-Parece gostar de viver aqui...
-Sim, é de facto muito bom... Vou praticando o meu ofício, como pode ver, trabalhar a madeira.
-Sim, já reparei... Costumam ter gente nova? - Orion queria chegar ao fundo da questão, e depressa. Não tinha paciência para conversas amigáveis com humanos.
-Para dizer a verdade não... É raro aparecer alguém novo aqui... Normalmente, as pessoas que aparecem cá são de aldeias vizinhas.
-Estou a ver... - Orion preparava-se para se ir embora, o velho não tinha mais nada para lhe dizer.
-Por acaso, há uns dias chegou uma pessoa nova.
Orion estancou no lugar onde estava. Virou-se para o velho, o seu interesse estava a aumentar. Talvez aquela conversa não fosse uma total perta de tempo.
-Interessante... Um caçador perdido, não?
-Não, não, nada disso. Uma rapariga, mas jovem. Devia ter uns... Dezanove, vinte anos... Por aí.
-A sério? E ainda cá está?
-Já não... Já se foi embora...
-E como é que ela é? - Orion sabia que estava a demonstrar demasiado interesse pela rapariga, mas tinha de saber o máximo possível sobre ela.
-Bem... Há pouco para dizer... Era altinha, cabelo castanho, a sua face deixava transparecer medo... A pobre rapariga estava amedrontada...
-E para onde é que ela foi? - O velho homem apontou para a direcção da floresta, por onde Némesis tinha saído da aldeia.
Orion sorriu.

Fim do Capitulo VI