8 de junho de 2012

Ataque.

Cheguei a casa e o pavio das velas em cima da mesa do jantar ainda ardia. Parecia que ia ser uma noite normal, como tantas outras antes desta. Mas não foi.
A malta reuniu-se toda no habitual restaurante de Pizza, para um torneio de Magic, um jogo que alguns rapazes da nossa idade e (verdade se seja dita) muita gente adulta também joga. A noite estava a correr bem, quando do nada o meu melhor amigo começa a convulsionar. A principio, pensamos todos que ele estava a brincar, que fosse por ter perdido o jogo, e que depois daquilo tudo voltava ao normal, porque aquilo era o normal nele. Mas não voltou. Começou a convulsionar mais e mais, e começou a espumar da boca. Entrei em pânico, não consegui reagir logo, os meus amigos que estavam na mesma mesa que nós agarraram-no, e eu não consegui reagir. Apenas passados alguns segundos é que me apercebi do que se estava a passar, e agarrei-o também para evitar que se magoasse ou que acontecesse alguma coisa pior.
 Foi horrível. Não consegui pensar, não consegui reagir. Agora que estou a pensar nisso, pergunto-me o que aconteceria se estivesse sozinho com ele e se ele tivesse um ataque... Foi um ataque de epilepsia.

Por vezes, são precisos estes abanões para termos noção de que qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento, e que não temos nem a noção nem a capacidade de prever uma coisa destas. Agora que penso mais nisso, tenho medo que torne a acontecer, porque não quero, porque tenho medo que lhe aconteça alguma coisa, porque não quero ter que presenciar novamente o que aconteceu.

As melhoras, Irmaon...

3 de junho de 2012

Sentido da Existência


Porque é que tudo o que existe tem de ter um sentido? Porque é que a própria existência tem de ter um sentido?
As coisas existem porque sim. Não é por nos perguntarmos vezes e vezes sem conta que vamos descobrir o sentido disto ou daquilo. A vida ensina-nos a viver, a observar o Mundo, a sentir, a existirmos como pessoas que somos, e como seres que habitam o planeta. As nossas vivências vão para além de um sentido, porque se virmos bem, uma vivência não se constrói por ter um sentido ou para ter um sentido. Uma vivência, por muito boa ou má que seja, acontece porque não está ao nosso alcance controlar o seu sentido, ou a sua existência. Não é por desejarmos muito um cargo novo no trabalho que vai acontecer só porque queremos. Não é por não querermos que o nosso melhor amigo viva para sempre, que isso vai acontecer. Nós não controlamos uma existência ou qualquer sentido. No entanto, podemos definir o sentido da nossa vida. Se virmos bem, a realidade é assim. Somo donos de nós próprios, somos nós que comandamos a nossa vida, somos nós que damos o nosso sentido á vida. Mas somos nós que damos o sentido, e não a existência que dá sentido ao que somos ou ao que está á nossa frente… Quando queremos muito uma coisa, não é pelo facto de aquilo existir que tem um sentido próprio. Qual é a definição de sentido? Quando dois pais estão á espera de um filho, esse fenómeno faz sentido para eles, mas… Nem sequer existe ainda… Ou melhor, quando esses dois pais idealizam o filho que querem ter. De facto, dão-lhe sentido, mas… Não existe!
O sentido das coisas e a existência de alguma coisa não têm de estar relacionados, não fazendo, portanto, disso uma regra. Cada pessoa tem um sentido, um objectivo, ou mais. Mas não tem um “porquê” para existir. Tudo o que existe foi porque assim teve de ser, e nada mais interessa. O sentido da existência. Nada tem um sentido para existir. Porque se assim fosse, mesmo antes de nascermos já estávamos incumbidos desta tarefa ou daquela, deste ou daquele projecto de vida, da data do nosso nascimento, da data do nosso casamento, da data da nossa morte, de tantas outras coisas que podem acontecer num segundo e podem mudar tudo. Ainda falamos de um sentido à existência? Existimos porque nascemos e porque ainda não morremos.
A existência não tem sentido. Nós é que temos sentido, porque nós vivemos, porque cada um de nós é diferente, porque cada um de nós vive de maneira diferente, porque cada um de nós sente de maneira diferente, porque cada um de nós é único… Concluindo isto, então pode-se colocar a seguinte pergunta: “Quantos sentidos tem a existência, já que existir por si só não dá um sentido próprio?”
Existimos porque alguém quis, não foi por acaso. É por isso que a nossa existência não tem um sentido, mas sim nós próprios temos esse sentido, que construímos conforme nos desenvolvemos, vivemos, enfrentamos a vida.