Fly e Santy

Capitulo I

Era uma vez uma alma... Uma alma, só e triste, passeava no meio da estrada de alcatrão negro. Quem a visse por fora, diria que esta rapariga de ar inocente estava feliz... mas não... a sua alma estava triste, receosa de ficar assim só para sempre... De repente, a alma apercebe-se que está a ser seguida. Então, esta alma chamava-se Fly. Fly porque tinha sonhos de que um dia pudesse voar, como os pássaros, como o vento. Continuando, esta alma pouco fez para despistar a outra presença. Estava curiosa, a Fly. Esta, tinha cabelos compridos, ruivos, lisos. A sua pele tinha um tom médio de cor, que lhe assentava muito bem. Era de estatura média, pouco mais de 1,65 metros de altura.
Entretanto, Fly estava a divertir-se com a perseguição. Estava a arder de curiosidade. Queria descobrir quem a estava a seguir... Resolveu então parar num jardim que por acaso ali se encontrava, na berma da estrada. Sentou-se num banco ali perto. Depois, limitou-se a esperar, e a observar tudo o que a rodeava. Até que viu quem a estava a seguir. Era um rapaz jovem, como ela, tinha cabelos negros, media mais ou menos o mesmo que ela. Olhos castanhos que ganhavam uma certa tonalidade quando reflectiam a luz brilhante do sol.
Fly tentou manter um ar inocente, o que estava a ser difícil, dado á ansiedade. Observava o rapaz. Este,
tentava olhar discretamente para ela, mas de facto estava muito atrapalhado, e nervoso, notava-se no andar dele.
O rapaz, decidiu então ir ter com ela.
-Olá - disse o rapaz atrapalhado.
-Oi! - Respondeu Fly com um grande sorriso.
-Eu... hum... eu... hãn... Chamo-me, huh, chamo-me Santy. Queres... hum... sei lá, falar um bocadinho ou assim?
Fly estava a sorrir. Era óbvio o nervosismo do rapaz, mas, esta não recusou o convite deste... Havia muito que estava só...
-Porque não? Chamo-me Fly.
Esta pequena cena passou-se e daí a seis meses, eram os melhores amigos.
Partilhavam tudo um com o outro, eram inseparáveis. Uma amizade forte, que aparentemente resistia a tudo e todos.
-Fly, gosto muito de ti - disse então Santy.
-Eu também! - Respondeu-lhe Fly com um largo sorriso.
Na verdade, se Santy não tivesse aparecido na sua vida, esta tinha continuado triste, fechada, e tinha continuado naquela estrada escura de alcatrão negro... A partir do dia em que se conheceram, tudo foi melhor, e ambos estavam verdadeiramente felizes.
Fly nunca tinha imaginado ninguém como Santy. Era um rapaz simpático, que gostava de ser livre, tal como ela. Para além disso, quando estava com ela, era bastante querido...

Até que....

Fim Capitulo I

Capitulo II
Tudo parecia perfeito. Fly, a garota dos cabelos ruivos, tinha finalmente saído da estrada, ficando então a morar naquele jardim...
Este jardim, era um pouco diferente dos outros. Diferente, mas especial... Era muito verde, tinha muitas árvores, relva, tinha felicidade e alegria. Não havia guerras, problemas, era um sitio perfeito. Bem, depois de ter percorrido aquela estrada sombria, Fly encontrara o verdadeiro paraíso, a verdadeira paz... No entanto, faltava algo... Este jardim, tinha muitas construções em mármore branco, mas também em granito, e outros materiais. Porém, não era visível para todas as pessoas... Estas construções, apenas eram visíveis para pessoas que ainda não tinham encontrado a paz. No caso de Fly, esta vê o verdadeiro jardim.
Aos olhos dela, este jardim era belo, perfeito, tinha tudo de bom, árvores belas, relva macia, outras almas para conversar e conhecer...
Basicamente, este era o sitio para onde os jovens com sonhos quase apagados encontravam... Era o inimaginável tornado realidade...
Como no inicio da história, um rapaz de nome Santy, aproximara-se de Fly para lhe falar, muito nervoso e receoso..
Este rapaz também percorrera a estrada negra onde Fly passava tanto tempo... Sofria muito antes de encontrar a estrada... Os pais, estavam constantemente a discutir, tinha uma amiga, quase como uma irmã, que morreu num acidente, então estava só e triste, quando encontrou a estrada negra...
Porém, ao encontrar Fly, a vida desta alma (não é correcto usar o termo vida neste caso) mudou. Sentia-se feliz, estava tão bem...
Os dois percorriam o jardim, em busca de uma distracção.
Vamos sentar-nos ali, por baixo daquela árvore! - disse Fly.
Os dois lá foram. Santy encostou-se à árvore. Esta, era um chorão. As suas folhas pendiam para baixo, criando uma espécie de cúpula no seu interior. Fly, pousou a sua cabeça no colo de Santy. Este, apanhado um pouco de surpresa, não sabia bem o que fazer. Embora já se conhecessem à seis meses, e serem os melhores amigos, de facto ele não sabia mesmo o que fazer...
- Acaricias-me a face, Santy? - pediu Fly com um grande sorriso.
- Bem, hãn... Sim, claro... - respondeu o rapaz, um pouco atrapalhado. Nunca antes lhe tinham feito tal pedido.
Santy pousou a sua mão na face macia de Fly, esta tinha os olhos fechados, estava a saborear o momento, estava a guarda-lo para sempre dentro de si.
Entretanto, Santy olhava para ela, para a sua inocência, ele estava tão bem, ali a vela, sentir-se de certa forma protector, por tela ali, no seu colo...
- Fly, nunca me disseste porque decidiste esperar por mim... Sabes, naquele dia em que nos conhecemos...
- Sabes, eu própria não sei porque... Apenas precisava de alguem assim como tu... Ainda bem que me seguiste! - Fly sorria mais do que nunca. - Então e tu, porque resolveste perseguir uma rapariga indefesa? - Sorria cada vez mais.
- Bem, tu és tão linda... - Santy corava, não passando despercebido a Fly, que escolhera aquele momento para abrir os olhos. - Sabes, o meu caminho era solitário, não havia ninguém por perto... Até que de repente apareceste na minha frente, e então eu decidi ir ter contigo, pois era a única maneira de sair da solidão... E depois tu entraste neste jardim, que eu nunca tinha visto...
Os olhos de Santy brilhavam.
Fly olhava de vez em quando para ele, abria os seus olhos de tempos a tempos. Ela estava feliz. Realmente, o que seria dela se por acaso não tivesse aparecido um rapaz a segui-la? Continuaria na estrada negra, muito provavelmente.
Assim como Santy... Se nunca tivesse avistado Fly, ainda agora estava lá, na estrada negra.
Santy continuava a olha-la. Este não tirava os olhos da face de Fly, e transmitia todo o seu carinho e amor para a face dela, através das suas constantes caricias... Entretanto, tinha-se instalado um silêncio entre ambos, ficando apenas osom dos passaros, da brisa suave, e das folhas do chorão a cantarem com o passar dessa mesma da brisa.
- Adoro-te tanto... - disse Fly, interrompendo por fim aquele silêncio entre os dois.
- Também te adoro muito, querida Fly... -Respondeu assim Santy, sentindo numa fracção de segundos o coração a querer saltar para fora do seu peito. Santy sabia o que aquilo queria dizer... Ele apaixonara-se por Fly com o passar do tempo... Mas nunca conseguira dizer nada, pois tinha receio de estragar tão preciosa amizade...
- Santy, posso pedir-te uma coisa? Por favor?
- Tudo o que quiseres querida Fly...
- Beija-me... Por favor...
Santy não precisou que ela repetisse. Parecia um sonho, um sonho tornado realidade... Então, ainda com a sua mão na face de Fly, Santy olhou-a nos olhos. Proferiu apenas uma palavra:
- Amo-te.
Beijou-a.

Fim do Capitulo II


Capitulo III
Fly estava deitada sobre o colo de Santy, esta estava a relembrar como tinha sido tão infeliz durante a sua vida toda, e como tudo tinha mudado apenas à seis meses... Ela estava ali, naquele jardim único, de baixo daquela árvore, com as suas folhas a penderem para baixo, a formar uma espécie de cúpula, saboreando o momento. As suas mãos deslizavam pelo corpo de Santy, enquanto sentia os lábios dele a tocarem nos seus, enquanto sentia um enorme calor a crescer dentro de si, a libertar-se de dentro do seu peito...
Enquanto se beijavam, Fly ainda estava a pensar na palavra que Santy proferiu antes de a beijar... "Amo-te", dissera Santy... "Ele disse que me amava..." pensara Fly. Esta, não se contendo, sentou-se, virou-se para ele, e beijou-lhe os lábios, abraçando-o com tanta força que cada um deles era capaz de sentir cada declive do corpo um do outro, cada movimento, cada gesto...
Santy, por sua vez, pensava exactamente o mesmo... á medida que se foram conhecendo, este criou um laço tão forte com Fly, que acabou por se apaixonar por Fly. Ele via-a como a chegada de um anjo, como a sua Deusa que há tanto procurava... Encontrou-a, finalmente...
Então, Santy moveu a sua mão para o interior da camisola de Fly.
-Espera, aqui não... - disse Fly, com um brilho nos olhos. Tinha finalmente encontrado o seu amor verdadeiro. - Vamos para outro sitio...
Olharam os dois em volta. Na realidade, naquele jardim não haviam casas, nem qualquer outro lugar para morar. Quem chegasse ao jardim, podia dormir onde quisesse, pois aquele jardim era mágico para que o conseguia ver, e então, para essas almas que vissem o jardim, não precisavam de casas para morar. o jardim era a casa deles. a capela que havia lá no meio. Estava abandonada, mas não dava ideia de ter qualquer relação com alguma religião... Quem criou aquele jardim, devia querer que aquilo ficasse ali, no centro do jardim, para que todas as almas que lá entrassem, pudessem observar tão ilustre obra.
Fly e Santy conduziram-se mutuamente até á capela. Por fora, esta tinha um telhado em forma de meio círculo, com uma espécie de tonalidade dourada. As paredes, eram brancas, com os rebordos das janelas acastanhados, sendo esta tonalidade clara. Entraram. A capela, por dentro, parecia de outro mundo... As paredes em redor deles, na ala principal, eram de um branco baço, e no tecto, estavam desenhadas estrelas e luas, astros em geral, no dourado da cúpula interior. O chão, tinha um mosaico azul claro, com espécies de desenhos, criados apenas com linhas de outras cores, como branco e preto. No centro da parede oposta á porta, estava uma estátua, negra, por causa de tanto tempo ali prevalecer. Nessa estátua, estava representado um ser, de uma só asa. Esta capela tinha outras duas divisões. Eles dirigiram-se para o quarto.
Entraram.
Aquela divisão era simples. Uma cama grande, uma cómoda, um cadeirão ao pé da cama, do lado esquerdo da mesma. Este quarto, tinha uma janela, que dava para o exterior, coberta por umas cortinas vermelhas que deixavam transparecer parte da luz que recebiam.
Santy deixou cair Fly em cima da cama. Depois desta acção, Santy baixou-se e beijou-lhe os lábios suavemente. Ambos queriam aquilo, pois já á muito tempo que andavam a renegar tal sentimento…
Fly estava finalmente a ver o seu desejo quase realizado… Sentir-se amada verdadeiramente… Estar ali, com Santy, era absolutamente tudo o que ela cria…
Entretanto, Santy percorria o corpo de Fly com as suas mãos, estas, deslizavam pelas costas de Fly, provocando-lhe arrepios que faziam com que ela se agarrasse mais a ele.
– Faz-me feliz… - dissera Fly.
Então, Fly tirou-lhe a camisola que lhe cobria o tronco, continuando a beijar Santy. A respiração de Fly já estava ofegante, tal era a vontade e o prazer usufruído por todas aquelas sensações.
Santy continuava a percorrer o corpo de Fly, mas desta vez este atrevera-se um pouco mais. As suas mãos navegavam pelas ondas do corpo dela, chegando-lhe a tocar de passagem pelos seios, o que fez com que esta se contorcesse um pouco. Este, tinha-lhe abandonado os lábios, beijava-lhe então o pescoço, dando-lhe mordidelas pequenas de vez em quando. As suas mãos insistiam em não sair dali, então, Santy despira-lhe a camisola. Fly puxou Santy e beijou-o….
Ambos dormiam nos braços um do outro. Tinham um rosto feliz, um ar sonhador…
De repente, acordaram. Havia algo naquele sítio que os chamava, não pelo nome, ou por qualquer som. De outra forma, como se fosse um pensamento que os chamasse.
Então, depois de se vestirem, saíram do quarto. Foram ter á ala principal. Lá, a estátua do anjo de uma só asa brilhava, emitia por toda ela uma luz branca, pura.
– Fly, o que é aquilo? – Questionara-se Santy, confuso.
– Não sei… Nunca tínhamos visto nada parecido durante todo o tempo que cá estamos…
Ambos olharam fixamente para a estátua, esta parecia pronta a dizer-lhes algo. Até que…
– Venham, a vossa hora chegou, é tempo de descansarem em paz, abandonem este jardim, partam para o descanso eterno, descansai em paz…
Fly e Santy não tinham noção do que estava a acontecer. Deram as mãos, e tocaram na estátua. No momento seguinte, ambos se desfizeram em luz, desaparecendo algures no vasto céu azul…
Lá fora, estava uma tarde soalheira… Duas famílias, amigos e curiosos encontravam-se perante uma capela, prontos para entrarem, inundados em lágrimas…
Entretanto, um padre dá ordem para entrarem…
Esta capela, era composta por três divisões. Uma ala principal, onde ao fundo desta se encontrava um anjo de uma só asa, que parecia feito de luz. E mais duas divisões. Um quarto, simples, apenas com uma cama, uma cómoda, um cadeirão grande. E outro quarto, simples, apenas com duas lápides.

Uma delas dizia:
“A Santy, um rapaz que não merecia que a vida lhe fosse tirada tão novo…”

A outra, dizia:
“A Fly, que sempre teve esperança de, um dia, encontrar a felicidade… Espero que, agora, a tenhas encontrado…”

Então, famílias, amigos e curiosos, prestaram uma última homenagem a Fly e Santy, deixando flores nas lápides dos dois. O padre, tinha acabado de abençoar Fly e Santy. Já não havia mais nada a fazer ali. Então, toda aquela gente saiu dali, da capela, daquele jardim, do cemitério. As portas da capela tinham sido fechadas.
No entanto, aquela capela não tinha ficado abandonada…
Um anjo, de uma só asa, totalmente branco, quase de luz, se não era mesmo de luz, deixara cair uma lágrima… Negra...

Fim do Capitulo III

Capitulo IV

Lembram-se da Fly? Sim, a nossa amiga Fly que se desvaneceu em Luz, juntamente com Santy. Ambos estavam felizes, ambos se apaixonaram um pelo outro... Ambos partiram em paz, a paz que tanto procuravam. Mas não desapareceram... Continuam connosco, no nosso dia-a-dia, no nosso pensamento, o nosso ser interior. Viajando por ai...

E o anjo de uma só asa? Que chorou uma lágrima, negra? Para dizer a verdade, chorar não é necessáriamente mau. O anjo chorou de alegria. Porque, apesar de a sua lágrima ser negra, nada quer dizer que seja de trizteza. Ou quer? Aquele anjo, como descrito anteriormente, não era apenas uma estátua, era muito mais que isso.
A Fly e o Santy desvaneceram-se em Luz, Luz essa que se perdeu no vasto céu. Lá fora, familiares e amigos choravam a morte deles... Enquanto eles percorriam os céus, sob forma de Luz, sem que os outros se apercebessem... Pois é... Depois desse dia, nunca mais houve tristeza no mundo, nunca mais houve desespero, nunca mais houve medo... O sonho da Fly sempre foi voar... E como se dizia, “espero que agora tenhas realizado os teus sonhos...” . E se formos a ver bem, foi o que aconteceu. Fly voou, juntamente com Santy, voaram os dois pelo mundo fora, percorrendo todos os corações de todos aqueles que de alguma forma, não estavam bem... Eles trouxeram a Luz ao planeta, Luz essa que lhe tinha sido tirada, pelo sofrimento, pela mágoa, pela crueldade... Mas agora está tudo bem... Afinal o anjo chorou... A lágrima que ele chorou, foi toda a tristeza que restava nos corações de Fly e Santy, permitindo-lhes a liberdade e a paz que tanto ansiavam... Agora, aquelas almas transmitiam para o anjo toda a infelicidade que existia no Mundo, toda a inflicidade que encontravam... Sim, é verdade, quando entraram na capela, a estatua estava negra... Porque será?
Agora, está tudo bem, está tudo perfeito...

Não era bom se o nosso Mundo fosse como o de Fly e Santy? Perfeito? O meu é... E o vosso?

FIM