18 de julho de 2011

Carta

Por muito tempo procurei por alguém assim... Alguém que me ouvisse, alguém que me pudesse conhecer, alguém que me aceitasse como eu sou... Passei muito tempo da minha vida sozinho, sem ninguém, passava a maior parte do meu tempo no meu canto, sem ninguém para me apoiar, sem ninguém para poder chorar... Passei muito tempo assim, até ao dia que conheci uma gaiata, que me fazia bem. Ajudava-me, e isso bastava-me. No entanto, Tudo aquilo que depositei nela, toda a amizade e confiança que tinha, desapareceu. Sem uma explicação sequer... Voltei ao meu mundo, piorei mesmo... Não sabia para onde me havia de virar, não sabia quem procurar, não tinha uma Luz que me guiasse na escuridão onde tinha entrado, mais fundo que qualquer um que conhecesse... Apenas não queria que ninguém se aproximasse, apenas queria estar sozinho, ao menos, assim sabia que não voltaria a ser magoado, ao menos assim sabia que não voltaria a cair, e a bater no fundo outra vez, como estava... No entanto, num destes dias em que estava sentado num canto, sozinho como já era costume, por momentos levantei os olhos e reconheci-a, aquela menina dos caracóis... E, não sei bem porquê, entrei na conversa que estava a ter com as outras raparigas que eu não conhecia... No entanto, isso não interessava. Só interessava a menina que reconheci... Sabia que ela tinha andado na escola onde um dia também andara, sabia que a conhecia de lá... Porém, não consegui perceber o porquê de a ter reconhecido, quando já outras pessoas dessa mesma escola me tinham dito que me conheciam e eu não me lembrava delas... Fiquei a pensar nisso... Mas não cheguei a nenhuma conclusão, pelo menos nessa altura. Essa menina ajudou-me... Não teve medo de saber sobre mim, não teve medo de abrir os braços e apanhar-me do fundo, que era onde eu estava... Esse pequeno acto foi o suficiente para eu saber que podia confiar nela, que ela era diferente de todas as outras pessoas que passavam e que olhavam de lado, e pura e simplesmente não queriam saber... Independentemente de tudo o resto, olhava-a com outros olhos... Olhava-a como alguém único (ela é tão única...), alguém que merecia tudo, alguém que não merecia nem um décimo do que eu passei... Passado um tempo, apaixonei-me pela menina, no entanto, sabia que era apenas uma menina, que não estava pronta para amar alguém... Mas isso não me impediu de amar essa menina, nada disso... A cada dia que passava, amava mais e mais essa menina. Dedicava-me a ela, só ela importava, mais nada. Afinal, não tinha outro propósito... Tinha o caminho desimpedido para me poder dedicar a ela a cem por cento... Passou-se isto, e comecei a namorar com essa menina... Nada do que eu sentia mudou... Ou melhor, mudou. Apenas cresceu... Há uma coisa que talvez deva saber...Nunca amei ninguém, nunca quis tanto alguém como quero esta menina, nunca me dediquei tanto a alguém como a ela... Já muitos me disseram que "nada dura para sempre", ou "imaginas-te mesmo com ela, quando fores adulto, a casares e a viver com ela?" Sim... E a resposta que eu lhes dou... Porque é isso que eu sinto. E isso não vai mudar. Independentemente do que acontecer, de tentarem separarem-na de mim, de levarem-na para longe de mim, eu vou sempre voltar para os braços dela... Nem que tenha de correr o mundo atrás dela... Porque eu amo esta menina, se pudesse, dava-lhe tudo... Às vezes, penso na sorte que tenho em tela reencontrado... "Gosto muito da cicatriz que tens no pulso, é em forma de Cruz... (...) é como se tivesses sido marcado para mim..." A cada dia que passa, acredito mais nisso... Sinto que passei toda a vida a procura dela, e que finalmente a encontrei, a minha Luz, o meu alento... Provavelmente, depois de ler isto, o seu primeiro pensamento será de "este rapaz não sabe o que diz". No entanto, releia tudo isto outra vez, e pergunte a si mesmo o que prefere... A sua menina feliz, com um namorado decente, ou a sua menina triste, sozinha, deprimida, a chorar pelos cantos? Foi ela que me levantou do chão, que cuidou de mim, que me limpou as feridas, e que as curou... Isso é mais que motivo para se ter orgulho nela. Todos os dias eu tenho orgulho nela. Todos os dias, penso na falta que ela me faz... Dou por mim á noite a esticar os braços, a tentar chegar a ela, a chamar por ela... E depois acordo, e vejo que continuo no mesmo sítio, sem ninguém, á minha excepção, e fico muitas horas acordado a olhar para o tecto, a recordar tantas coisas... Por vezes, o mais pequeno gesto pode significar muita coisa... No nosso caso, cada um consegue ler qualquer movimento do corpo um do outro, qualquer olhar, qualquer suspiro, seja o que for... Como já disse, nunca conheci ninguém tão bem como conheço a ela, não só porque a amo como nunca ninguém irá amá-la, mas porque cuido dela, sempre, nem que para isso tenha de abdicar de tudo o resto... Tudo o que poder para a fazer feliz, eu faço...

Gostaria que compreendesse que, apesar do que possa acontecer, eu nunca me irei separar desta menina, nunca deixarei de ama-la, nunca deixarei de cuidar dela, de a tratar bem, de lhe dar o Mundo... O Mundo que eu e ela construímos, só nosso... Não a leve para longe, não iria suportar a perda dela, seria demasiado... Penoso...

Talvez um dia lhe chegue a mostrar esta carta, e no fim me diga "está tudo bem". Até lá, continuarei a ter medo que ela desapareça da minha vida... A vida que ela me deu, que ela construiu, que é ela mesma...

13 de julho de 2011

Silêncio dos Inocentes

Sonho acordado, por vezes vem-me á memória aqueles momentos em que quero tanto poder beijar-te e não posso... Permaneço em silêncio, "está tudo bem", digo... Apenas não me consigo expressar... Sinto tanto a tua falta, todas as noites adormeço a pensar que vou acordar com o telemóvel a tocar, e que é uma mensagem tua... No entanto, a mensagem não chega, e o meu desejo de te ter aumenta... Numa destas noites, ao virar-me para o outro lado, foi como se tivesse ido para outro lugar, outro lugar contigo... Foi como que, ao virar-me para o outro lado, tivesse quase chegado aos teus lábios... Foi uma sensação tão estranha... Fiquei triste... Queria-te aqui comigo, dava tudo para que tivesses aqui comigo, nem que fosse só para chegar aos teus lábios...
Todos estes dias que têm passado, têm sido difíceis... Tenho tentado escrever, mas não consigo... Penso que serão as saudades que não me deixam escrever, talvez seja a falta que tu me fazes que me impede de escrever o que sinto...
Este silêncio, gélido, percorre-me a alma, congela-me as emoções, apenas sinto saudades de ti... Quantas vezes penso no momento em que dormias nos meus braços, e te beijava os teus lábios, e te chegavas mais para ao pé de mim... Sentia-me tão bem... Naquele momento, éramos só nós os dois, o resto do mundo tinha desaparecido... Tudo o que eu dava para poder estar ao pé de ti agora, para poder cuidar de ti, para poder beijar os teus lábios enquanto nos meus braços dormias...
No entanto, ao abrir os olhos, vejo que estou a sonhar acordado, mais uma vez... Encontro-me no mesmo sítio, a olhar para o mesmo papel, entregue aos meus pensamentos e á minha música, tentando expressar o que sinto... Tenho a perfeita noção que tudo isto pode parecer confuso, que não é nenhuma obra de arte, no entanto, é aquilo que eu sinto... A tristeza é um sentimento, logo, não se pode adiar... Apesar de tudo, tudo o que sentimos, todos os sentimentos que nos afloram a alma e o coração, não são verdadeiras obras de arte? Mantêm-se escondidos, no interior de cada um, até ao ponto de serem revelados, pelo mais belo silêncio... O silêncio dos inocentes...

Esperarei sempre por ti, minha Luz, para sempre...

Amo-te...