25 de maio de 2010

Campo de batalha

Batalho... Todos os dias a batalha continua... tento ganhar, vencer esta batalha constante... Mas a história é sempre a mesma... Caio, vou ao chão, derrotado...
Levanto-me outra vez... tento erguer de novo a minha espada que me acompanha... vou novamente á luta, e caio uma e outra vez... Não consigo vencer... Porquê? Será pelo medo que tenho antes da batalha? Que me vai consumindo de cada vez que me ergo de novo? Não sei... Uma vez mais me ergo, uma vez mais estou pronto para o combate... Vou, avanço na frente de combate, confiante sigo para a vitória, ou para os portões da morte...
Parece que é desta vez, parece que é desta vez que consigo alcançar a vitória! Confiante, cada vez mais me encontro, procuro cada adversário após derrotar o anterior... O medo que sentia já desapareceu... Por enquanto...
Estou eu e a minha espada de uma mão e meia, no meio de sangue e corpos por todo o lado... Eu, encontro-me debilitado, cansado de tanto batalhar naquele campo de batalha imundo, cheio de almas a esvoaçar á minha volta, esperando estas de atravessar os portões da morte...
Então distraio-me da batalha, e reconheço uma alma no meio de milhares... Aquele rosto sem expressão, aqueles olhos vazios, brancos, vitrios... Cai-me então uma única lágrima... E olho para a minha espada empunhada, que neste momento estava em baixo, como a apontar para o chão, como a dizer-me que o meu lugar era nas chamas do inferno... E vejo: um fio de sangue espesso a escorregar pela lamina da minha espada brilhante... sigo a sua trajectória, de baixo para cima... o pomo da minha espada que em tempos fora brilhante, está agora vermelho escarlate... continuo a levantar o meu olhar... E vejo o meu braço direito inundado de sangue, as minha veias rebentadas... Mas, não sinto qualquer dor... Olho novamente para a alma que levitava perante mim, a cima de mim... Esta, desce ao meu nivel, e vem ao meu encontro... O medo apodera-se de mim uma vez mais, sinto o maior frio até então a gelarme as veias... o sangue que dantes escorria do meu braço estava agora congelado, a minha expressão estava amedrontada, não... não queria, ainda não era a minha hora, não!!!
Entretanto a alma continua a aproximar-se... Mas quem era aquela alma? O que queria ela de mim? Será que eu lhe despertara a atenção quando olhara para ela? Reconhecia-a de algum lado, isso é certo... E de repente, o medo apodera-se totalmente de mim... E vejo a alma a derramar lágrimas...
...não...
...pode...
...ser...
Esta chega-se mais ao pé de mim, fica frente a frente comigo... a face dela aproxima-se da minha...
Então, ela sussurra-me ao ouvido:
"Sou aquilo que desejaste que eu fosse... Agora, virás comigo... agora, ficarás preso aqui, na morte, para sempre..."
Depois, a alma procura os meus lábios e beija-me... de repente, falha-me uma batida, sinto falta de ar, cada vez estou mais frio, e depois as forças faltam-me... A alma sem expressão ficou a ver o meu sofrimento, triste...
Até que caio no chão... perco-me na sombra... Até que me sinto leve, muito leve, e sinto-me a voar... olho para baixo, e vejo um corpo no chão, no meio de tantos outros... e olho para trás, e os portões da morte chamam-me... Porém, quando estou para atravessa-los, estes fecham-se para mim, e a alma que me tinha ceifado a vida, olhou-me nos olhos, sem expressão, com o mesmo tom vítreo e vazio... E percebo... A minha última murada, não era no cemitério, ou no inferno, ou em qualquer outro lugar, mas sim naquele campo de batalha de sofrimento, dor constante, morte... e sobretudo, almas perdidas e desesperadas, para que os portões da morte se abram para elas...
Choro então, e percebo que afinal as almas também têm sentimentos... sentimentos de dor, negros, dolorosos...

Fico então preso ali... Para todo o sempre...

1 comentários:

Ronald disse...

Eh rapaz, isso é que é vontade de descarregar sentimentos! E, realmente, todos nós sentimosaquilo que sentes, só que não mostramos e nem damos a entender. As vezes só nos lembramos deles quando estamos sós!
Ai ai, em fim...

Gambate né!