5 de agosto de 2011

"O que é uma mãe?"

O que é ter uma mãe? Alguém por aí me é capaz de dizer?! Para que serve, o que nos deve dizer, o que nos deve ensinar? Crueldade, ódio, sofrimento? É isso? E porquê? Para quê?! Para nos fazer derramar lágrimas de cada vez que lhe apetece ser cruel, fria, insensível?? Para nos dizer quase directamente que o filho que nasceu foi um erro, que afinal, não ia ser o que ela pensava? E porque é tão fácil ter vontade de desistir de tudo? Porque é que naqueles momentos em que precisamos de um ombro para chorar, que precisamos daquela que nos devia apoiar, dar conforto, dizer-nos "está tudo bem", não está, e olhamos para o lado e não vemos ninguém, e ficamos a chorar sozinhos, por causa de não termos uma mãe a sério?
Fiz 17 anos á pouco tempo. Pedi á minha suposta mãe que me deixasse trazer a minha namorada lá a casa, queria passar o meu almoço de aniversário com a minha família, e com aquela que eu amo, com aquela que é a pessoa mais importante da minha vida... Sabem a resposta que a minha suposta mãe me deu?! "Não quero gente estranha aqui em casa", entre outras coisas bem piores... Perguntei-me a mim mesmo porquê, mas não consegui encontrar qualquer resposta... Simplesmente a minha mãe não a queria cá em casa porque... Ela é uma estranha?! Doeu tanto ouvir isso... No dia do meu 17º aniversário, fui almoçar com a minha Luz, e com os pais dela... Já que a minha mãe disse que não a queria cá, que ela era uma estranha, falei com a minha Luz, e ela falou com os pais dela. Eles não se importaram de me receber, não tinham de o fazer, não era nada... Com eles... Ainda assim, receberam-me... Nesse dia, foi tanto o esforço que fiz para não chorar, foi tanto o esforço que fiz para não me ir abaixo, tanto o esforço que fiz para esconder o que estava a sentir de todos... Ao fim do dia, quando cheguei a casa, ninguém lá se encontrava. Fui para o meu quarto. Chorei, finalmente podia chorar, não tinha de esconder o que sentia de ninguém, estava só, podia chorar a vontade... Podia libertar tudo o que sentia, podia deitar toda a tristeza cá para fora... Todos aqueles que tinham estado comigo ajudaram-me tanto sem saber... Sentia-me feliz, mas ao mesmo tempo triste... Porque a minha mãe não conseguiu entender o quanto a minha Luz significava para mim... O quanto era importante tê-la comigo neste dia... E estar ali com todos eles, lembrava-me disso mesmo... Hoje, foi outra discussão, outra vez em que tive de ser aquele que nunca faz nada, que só pensa em si, que "se faz de vítima"... Começo a pensar se tudo o que me vai na cabeça, tudo aquilo pelo qual ela me faz passar, está a provocar em mim uma revolta demasiado grande para controlar... Por pouco, não cometia uma estupidez... Pergunto-me se, se não tivesse a minha Luz ainda conseguia aguentar tudo isto... É nela que penso, é a ela que me agarro quando a minha própria mãe me diz que, basicamente, eu fui um erro, que não me apoia quando eu preciso, que depois de me atirar tudo a cara, me vira as costas, abandonando-me á minha sorte... Por isso, é que eu preciso tanto de saber o que é de facto uma mãe, o que é ter aquela pessoa que nos criou e que nos trouxe ao mundo do nosso lado, para o bem e para o mal... Porque eu não sei... Para dizer a verdade, os pais da minha Luz foram mais meus pais no dia do meu aniversário que a minha própria mãe, em muitas ocasiões da minha vida... É estranho, não é? E não me venham dizer que uma mãe é sempre uma mãe porque isso é mentira!! Não me venham dizer que também é difícil para ela, que ela também está a "sofrer" com isto tudo, porque é mentira!! Uma mãe quando decide ter um filho, devia saber o que esperar, o quão difícil seria! Porque senão, sempre decidia não o ter... Mas espera, eu fui um erro, é verdade...
O que é uma mãe? *suspiro*... Às vezes nem sei a sorte que tenho... Obrigado, minha Luz, por me fazeres aguentar, por amparares a minha queda, por ti, meu Mundo, meu alento...

(escrito a 29/07/2011)

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